FILOSOFIA

Ludwig Wittgenstein: o filósofo que matou a Filosofia

Ludwig Wittgenstein - o filósofo que matou a filosofia

A vida do filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein (1889-1951) foi tão intensa quanto sua filosofia. Filho de um poderoso industrial, renegou sua herança milionária, pois a riqueza poderia atrapalhar seus pensamentos. Era exageradamente honesto, ingênuo, excêntrico e apaixonado pela filosofia. Qualquer um que não a valorizasse era solenemente desprezado. O máximo de luxo que esse pensador minimalista se permitiu foi um cofre para proteger seus manuscritos.

Alistou-se como oficial na Primeira Guerra, participou de batalhas e ganhou condecorações por bravura. Recusou o chamado de recuar e abandonar seus soldados e, por isso, foi feito prisioneiro. Em sua mochila de soldado estava o rascunho da obra Tractatus Lógico Philosophicus, uma das mais importantes da filosofia contemporânea.

Sobreviveu à guerra e trabalhou como professor de escola primária,  jardineiro e mestre de obras, apesar de já ser reconhecido como um dos maiores filósofos do século XX. O gênio pouco se importava com o julgamento dos outros. Mais valia ser jardineiro-filósofo a seguir convenções sociais. Se importar com status e riquezas seria, para ele, coisa de pessoas intelectualmente inferiores.

Sua irmã Margaret, querendo ajudar o “irmão maluco” — e conhecendo suas assombrosas habilidades em lógica e matemática — o contratou para construir uma casa. Wittgenstein dedicou-se obsessivamente à construção e criou uma casa com estilo modernista antidecorativo que se tornou referência da arquitetura moderna.

Com a ajuda de seu mestre, Bertrand Russell, tornou-se professor em Cambridge e travou debates com Alan Turing, um dos maiores matemáticos do século XX e um dos pais da computação. Posteriormente abandonou a vida acadêmica, pois acreditava que não era ocupação para um filósofo de verdade. Durante a Segunda Guerra, se ofereceu para trabalhar como servente de hospital.

Morreu de câncer aos 62 anos. Seu último recado para seus amigos foi: “Diga-lhes que tive uma vida feliz”. Seu último livro, Investigações Filosóficas, que foi publicado após sua morte, era uma crítica ao seu primeiro livro.

Wittgenstein foi um exemplo de honestidade intelectual. Não relutou em corrigir suas próprias ideias, mostrando que a filosofia é busca constante e está sempre em movimento — assim como a vida e o pensamento.

Wittgenstein e os jogos de linguagem


Wittgenstein e os jogos de linguagem

Enquanto que no Tractatus Lógico Philosophicus Wittgenstein busca a essência da linguagem, em Investigações Filosóficas ele se corrige afirmando que a linguagem varia seus significados e sentidos dentro de contextos, não possuindo essência mas apenas “jogos de linguagem”.

Isso tornaria impossível a busca filosófica, pois o que existe são “jogos com regras”: certo e errado são acordos coletivos regidos pela linguagem, variando de acordo com grupos sociais.

Se quisermos saber o significado de uma palavra, Wittgenstein sugere perguntar para quem a falou. Ele concluiu que a Filosofia não seria mais possível após essa descoberta, uma vez que busca afirmações universais mas não consegue, ela mesma, transcender seu próprio jogo de linguagem.

“Os limites da minha linguagem são, portanto, os limites do meu mundo”. Temos a ingênua pretensão da verdade, mas não percebemos que estamos apenas jogando jogos de linguagem.

Diante da perplexidade filosófica que move o filósofo, Wittgenstein percebeu as limitações da linguagem para expressar a transcendência do mundo e, diante disto, declarou: “sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar”.

Saiba mais sobre a Filosofia de Wittgenstein:

  1. Wittgenstein: Jogos de linguagem e os besouros nas caixas
  2. Filosofia da Linguagem – Introdução e principais autores
  3. Wittgenstein | 2 livros para baixar (PDF)
  4. Frases de Wittgenstein

 AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

Navegue pelo netmundi.org