FILOSOFIA

Sócrates e o Oráculo de Delfos: a origem da frase “Só sei que nada sei”

Oráculo de Delfos: a origem do só sei que nada sei

Uma pergunta feita ao Oráculo de Delfos marcou o início da filosofia de Sócrates e definiu os rumos da filosofia ocidental. Seu amigo Querofonte viajou até a cidade de Delfos, na Antiga Grécia, para consultar a Pitonisa, uma sacerdotisa inspirada pelo deus Apolo que respondia às perguntas dos visitantes.

O templo de Delfos foi construído em homenagem a este deus sobre uma fenda que emanava vapores do solo. Esses vapores causavam um transe na sacerdotisa, quando então fazia suas profecias.

No templo existiam também sacerdotes que interpretavam as mensagens da sacerdotisa. Na entrada estava escrito uma das frases mais conhecidas da filosofia: “Conhece-te a ti mesmo“.

Querofonte perguntou ao oráculo: “Quem era o homem mais sábio de Atenas?” A sacerdotisa declarou que o homem mais sábio de Atenas era Sócrates. Querofonte voltou para Atenas e levou a novidade até Sócrates.

Ao saber disso, Sócrates não aceitou a afirmação do Oráculo, pois não se acreditava sábio. Seguiu então dialogando, por toda a sua vida, com muitas personalidades de Atenas. Percebeu então que todos caiam em contradição.

Sócrates concluiu então que ele era o mais sábio, não por saber mais, mas por saber que nada sabia, ao contrário dos “sábios” da cidade. Esta frase ilustra sua conclusão: “Ninguém de nós sabe nada de belo e de bom, mas aquele homem acredita saber alguma coisa sem sabê-la, enquanto eu, como não sei nada, estou certo de não saber“.

Daí vem sua máxima: “Só sei que nada sei“. O deus Apolo, portanto, estava certo.

Sócrates relatou esta história perante o tribunal de Atenas quando se defendeu das acusações que lhe condenaram à morte. Entre as acusações estava o desrespeito aos deuses da cidade. Sócrates se defende afirmando que foi o deus (Apolo) que lhe condenou a filosofar, e que ele vivia apenas para cumprir o desejo desse deus.

Declarou diante do tribunal que não iria se calar, que preferia cumprir a vontade do deus, não a vontade dos homens, pois “calar a filosofia seria calar a voz da própria vida”.

Por fim, após condenado, o homem mais sábio de Atenas despede-se: “Já é hora de partir: eu, para morrer, e vocês, para viver. Mas, quem vai para melhor sorte, isso é segredo, exceto para o deus”.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

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