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Piotr Ouspensky: “Nossa casa está em chamas!”

Piotr Ouspensky - nossa casa está em chamas

“Quando percebemos que enganamos a nós mesmos, que estamos dormindo e que nossa casa está em chamas, sempre, permanentemente em chamas, e que é apenas por acaso que o fogo não atingiu nosso quarto neste exato momento, quando percebemos isso, vamos querer fazer tudo para acordar e não vamos esperar nenhuma recompensa especial”.P. D. Ouspensky

A frase acima, do psicólogo e filósofo russo Piotr Ouspensky, refere-se principalmente aos pensamentos negativos e ao nosso eterno estado de sonolência e inércia diante deles.

Não sabemos se os pensamentos positivos têm algum efeito magnético, como muitos acreditam, mas os pensamentos negativos, esses sim, têm o mesmo efeito em nossa mente do que um incêndio em uma casa. Através deles definhamos, ficamos deprimimos, tomamos atitudes insensatas e adoecemos.

Segundo Ouspensky, vivemos em um estado de sonolência guiados pelo hábito. Não tomamos atitude alguma diante do incêndio que nos cerca; nos entregamos passivamente ao desespero, ao ódio e ao ressentimento que obscurecem a consciência como uma fumaça negra.

Assim, por mais absurdo que pareça, permanecemos neste estado devido ao puro e simples hábito, que Oupensky chama de sonolência. Então, acordar é a primeira coisa a ser feita.

Devemos acordar o mais rápido possível para que o incêndio não nos destrua definitivamente. Quando percebemos um incêndio, nada mais importa a não ser duas coisas: fugir ou apagar o fogo.

Essa clara percepção de nossa condição mental faz parte de um sistema criado por Gurdjieff e Oupensky, porém, independente de qualquer sistema, filosofia ou terapia, o mais importante é perceber o fogo.

Por exemplo: se você leu este texto até aqui e se identificou com a situação, podemos dizer que a presença do fogo foi percebida. Porém, essa percepção dura pouco tempo, e logo mergulhamos novamente no hábito nocivo e cotidiano — voltamos a dormir.

Somente a partir desse momento, quando acordamos por breves instantes (e antes que os pensamentos habituais retornem), é que podemos traçar uma rota de fuga ou tomar alguma atitude.

Os caminhos escolhidos não devem visar recompensa alguma a não ser a mente lúcida e saudável. Qualquer outro objetivo além desse — pois não há nada melhor — pode significar que voltamos a dormir entre as chamas.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.


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