FILOSOFIA

Anaxímenes: o ar é a origem de todos os seres

Anaxímenes de Mileto - tudo é ar (pneuma)

Anaxímenes de Mileto (585/525 a.C) foi discípulo de Anaximandro e último filósofo da escola de Mileto. Pouca coisa se sabe sobre sua vida pessoal. Escreveu um livro intitulado Sobre a Natureza, do qual restaram três fragmentos (outros pré-socráticos escreveram obras com o mesmo título). Em 494 a.C, pouco depois da morte de Anaxímenes, a cidade de Mileto foi arrasada pelos persas, o que pôs fim à tradição filosófica da cidade.

Anaxímenes, de acordo com a doxografia e os fragmentos que restaram, discordou de Tales e Anaximandro com relação ao princípio de todos os seres, embora tenha preservado aspectos da filosofia dos seus predecessores. Ele voltou a identificar o princípio com um elemento determinado: o ar (pneuma), invisível e infinito.

Anaxímenes escolheu o ar provavelmente por dois motivos: em função da sua importância para a vida e pela maior facilidade em explicar a passagem do uno para o múltiplo ou o surgimento dos outros elementos a partir de uma transformação do ar.

Segundo Anaxímenes, o ar originário está sujeito a dois processos de transformação: a rarefação e a condensação. É importante destacar que o surgimento do múltiplo é explicado mediante a presença e combinação de contrários. Por meio da rarefação, o ar origina o elemento fogo, e mediante a condensação surgem os elementos água e terra. Essas alterações são causadas por um movimento inerente ao próprio ar.

Quente e frio são qualidades causadas por densidades diferentes de ar. A cosmologia de Anaxímenes afirmava que a terra e os demais planetas eram planos, possuíam a forma de um disco, e eram sustentados pelo ar que, sendo infinito, permeia e envolve todas as coisas.

O princípio que anima o homem e o dirige (a sua alma) também é ar, da mesma natureza do princípio primeiro de tudo.

A importância dos pré-socráticos


O termo pré-socrático carrega certo preconceito: é entendido como reflexão filosófica inicial que só irá amadurecer com Sócrates, Platão e Aristóteles. Também é pouco creditado aos pré-socráticos as bases que irão definir todo o pensamento ocidental depois deles.

Esse preconceito não condiz com a importância desses primeiros filósofos, que representam a aurora não apenas da Filosofia, mas da própria razão humana. Foram eles que criaram os conceitos universais que seriam utilizados posteriormente na ciência, bem como vários modelos utilizados pelos filósofos depois deles, inclusive Platão.

Alguns estudiosos desse período, como John Burnet, afirmam que os pré-socráticos representam uma sofisticada abstração que não deve ser interpretada como “filosofia inicial”, e só deveriam ser estudados depois de percorrida a longa estrada da filosofia.

Dentre os pré-socráticos estão:

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.

Referência Bibliográfica


  • ARISTÓTELES. Metafísica. São Paulo: Loyola, 2002
  • Nietzsche, F. Filosofia na Idade Trágica dos Gregos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
  • SCHOFIELD, M. Os Filósofos pré-socráticos. Lisboa: Calouste, 1994