FILOSOFIA

Parmênides: “O Ser é, o não-ser não é”

Parmênides: o ser é, o não-ser não é

Parmênides (530 a.C – 460 a.C) faz parte dos primeiros filósofos da Grécia Antiga, os pré-socráticos, também chamados por Aristóteles de filósofos da physis. A característica fundamental desses pensadores é o abandono das explicações mitológicas ou religiosas, passando a buscar, através da razão, a origem (arché) de todos os seres. Parmênides declarou: o princípio de tudo é o Ser.

Todas as coisas têm o Ser, mas o Ser não é aquilo que vemos, pois tudo o que vemos nasce, cresce e perece, ou seja, faz parte do movimento da natureza. O Ser é  imóvel, caso contrário pereceria. É percebido apenas através da razão.

Assim, Parmênides conclui que o mundo que percebemos pelos sentidos é aparência e ilusão (não-ser), sendo o Ser, uno e eterno, a essência da existência. Dessa forma, “o Ser é, o não-ser não é”. Essa maneira de entender o Ser será, futuramente, uma das bases do pensamento de Platão.

Essa é uma diferença marcante entre Parmênides e Heráclito: para Parmênides o Ser é imóvel e existe uma crítica aos sentidos, enquanto que, para Heráclito, o Ser é movimento e há valorização dos sentidos.

Parmênides é classificado como filósofo da physis apesar de indicar o surgimento da metafísica (aquilo que está além da física). Isso ocorre porque em momento algum Parmênides declara o Ser como além da physis, como fará Platão, ainda que existam discordâncias entre os comentaristas sobre isso.

Parmênides afirma que para compreender o Ser é necessário trilhar a “via da verdade” (alétheia) e evitar a “via das opiniões” (doxa).

Parmênides: “via da verdade” e “via das opiniões”


A “via da verdade” (alétheia) é a via que leva ao Ser, o caminho do pensamento e da reflexão que conduz à contemplação do Ser eterno, da verdade oculta na aparência.

A “via das opiniões” (doxa)  é o caminho das aparências e dos sentidos,  a via da ilusão e da superficialidade. É o caminho da opinião dos homens e do senso comum que leva ao nada, ao não-ser.

A questão colocada pelo personagem Hamlet, de Shakespeare, provavelmente inspirada em Parmênides, representa a questão existencial diante da realidade, a dúvida entre verdade e ilusão: “Ser ou não ser, eis a questão“.

A importância dos pré-socráticos


O termo pré-socrático carrega certo preconceito: é entendido como reflexão filosófica inicial que só irá amadurecer com Sócrates, Platão e Aristóteles. Também é pouco creditado aos pré-socráticos as bases que irão definir todo o pensamento ocidental depois deles.

Esse preconceito não condiz com a importância desses primeiros filósofos, que representam a aurora não apenas da Filosofia, mas da própria razão humana. Foram eles que criaram os conceitos universais que seriam utilizados posteriormente na ciência, bem como vários modelos utilizados pelos filósofos depois deles, inclusive Platão.

Alguns estudiosos desse período, como John Burnet, afirmam que os pré-socráticos representam uma sofisticada abstração que não deve ser interpretada como “filosofia inicial”, e só deveriam ser estudados depois de percorrida a longa estrada da filosofia.

Dentre os pré-socráticos estão:

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.