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A internet e os perigos do subjetivismo

Umberto Eco e a Internet

Umberto Eco alerta para a falta de critérios e subjetivismo na formação da realidade, e afirma que a internet é um campo propício para isso.


Umberto Eco alertou para o perigo do subjetivismo-individualismo na formação de crenças sobre o mundo em entrevista publicada no livro Entrevistas Sobre o Fim dos Tempos. Segundo ele, a internet seria um campo propício para a formação de opiniões alienantes e perigosas, baseadas em análises superficiais dos fatos. O trecho abaixo, retirado do livro, é um convite à reflexão.


Eu queria lhe dar um exemplo talvez um pouco extremo, mas que me parece esclarecedor. Qual é, no quadro da historiografia contemporânea, a diferença entre um revisionista e um negacionista? O revisionista está de acordo no atacado com o julgamento da coletividade sobre o que se passou, mas pretende corrigir alguns detalhes. Para ele não houve 6 milhões de mortos nos campos de extermínio, mas 5,5 milhões; ou então contesta o fato de ter havido câmaras de gás no campo etc. Existe mesmo uma historiografia revisionista que não diz respeito à Shoah mas a outros acontecimentos, por exemplo a Guerra Civil Espanhola. O revisionista não nega o que sucedeu, nem as responsabilidades de Franco, mas apenas quer avaliar diferentemente o papel dele, sustenta por exemplo que Franco não era fascista mas somente anticomunista… Pode discutir ao infinito, sobre a base de fatos e de critérios que são aceitos pelas duas partes envolvidas.

O negacionista, ao contrário, é aquele que “revisionou” a história da Segunda Guerra Mundial em seu conjunto. Não reconhece o julgamento da coletividade: nega-o categoricamente. Nega a existência das câmaras de gás. Se a coletividade lhe apresenta documentos, ele decide que o modo como ela valida os documentos não é o seu. Segundo ele, ou a coletividade se engana, ou é manipulada. Isto é, ele junta de maneira pessoal todos os elementos de informação que circulam na enciclopédia histórica, deixa de lado alguns, dá mais importância a outros; não segue os critérios coletivos, segue seus próprios critérios. Ora. esta lógica perversa, que é a de uma minoria de fanáticos, poderia um dia se tornar a lógica da Web. Cada um produziria seus próprios critérios para selecionar a informação. É a história à la carte… No dia em que toda norma comum desaparecer porque cada um poderá inventar sua própria leitura dos acontecimentos históricos e científicos, não restará mais nenhuma base comum para escorar nossa aventura coletiva.

Entrevista com Saramago: A tecnologia digital e o mito da caverna

A caverna moderna de PlatãoNesta entrevista José Saramago fez uma comparação entre o mito caverna de Platão e o mundo moderno. Acho que essa comparação tem utilidade, uma vez que nos mostra, através de uma alegoria, como a tecnologia pode nos aprisionar. Estamos frequentemente hipnotizados na frente da televisão e do computador. Tal como os habitantes da caverna, estamos sentados olhando para as sombras na parede e as confundindo com o mundo.





Eduardo Kac e o futuro

Interfaces de Eduardo Kac

Eduardo Kac é um artista brasileiro que une arte, ciência e tecnologia. Seus trabalhos são visionários e antecipam o futuro da relação do homem com a tecnologia digital e a engenharia genética.

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As tecnologias digitais influenciaram profundamente nosso comportamento. Redes sociais conectam a todos, mídias de massa perdem espaço para internet, pessoas ficam viciadas em tecnologia e games, crianças aprendem a ler em tablets e músicos ficam famosos sem o intermédio de gravadoras. Parte de nosso mundo se tornou ciberpunk , e arte não poderia ficar de fora.

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Edurado Kac é um artista brasileiro que já explorava a tecnologia digital antes mesmo da popularização da internet. Seus trabalhos interativos procuram  causar impacto e estimular a curiosidade. Suas primeiras obras são de 1985, onde ele utilizou o videotexto. As pessoas podiam acessar um terminal,  visualizar páginas de texto e mandar mensagens para outras pessoas. Hoje todos nós enviamos mensagens de celular e navegamos na internet, mas poucos perceberam as profundas mudanças que isso causou na sociedade. No entanto, naquela época Kac já percebia esse futuro.

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Na obra "O Oitavo Dia", Kac mandou alterar geneticamente pequenos animais e plantas, tornando-os fluorescentes. Isso é certo? São perguntas desse tipo que a arte tecnológica deve estimular.

Hoje esse artista explora também a engenharia genética, e nos adianta um mundo onde poderemos brincar com isso da mesma forma que brincamos hoje com a eletrônica.  Kac mandou alterar geneticamente um coelho, tornando-o fluorescente, que foi batizado de Alba e causou polêmica. Criou também um kit para manipulação genética.  Mais uma vez as pessoas se espantam com o óbvio, com algo que está acontecendo bem na nossa frente e não percebemos.

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Uma das funções da arte nos dias de hoje é  não deixar que as coisas aconteçam sem que nós possamos perceber.  Devemos olhar para a arte tecnológica como uma possibilidade de realização futura, e decidir se queremos esse futuro ou não.  Kac nos convida a refletir sobre o futuro e imaginar como a ciência e a tecnologia irão afetar nossas vidas e quais as suas implicações morais e éticas.

“A gente somos inútil”?

protesto da primavera árabe

Em 2011 o mundo se impressionou com a Primavera Árabe, onde uma avalanche de pessoas indignadas derrubaram ditadores. No Brasil, mesmo com nossos graves problemas de corrupção, só se consegue reunir milhões de pessoas em eventos como a parada gay.

O ano de 2011 foi muito importante para aqueles que acreditam nas possibilidades da cultura digital. A Primavera Árabe nos mostrou que a sociedade civil pode se organizar e derrubar regimes ditatoriais e a Islândia está escrevendo sua nova constituição consultando seus cidadãos através das mídias sociais. O público está se conscientizando que o mundo virtual pode influenciar o mundo “real” e está usando esse poder para mudar as coisas. Enquanto isso nós, brasileiros, nos concentramos em fazer coisas inúteis na internet.

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Nossa cultura digital ainda tem muito o que amadurecer, principalmente no que diz respeito à crítica e ao protesto. Um exemplo foi a campanha “Lula se trate no SUS“, que chegou a ganhar capa de revistas e vários artigos na imprensa. Se temos esse poder para fazer uma ofensa se tornar viral e chegar à imprensa “oficial”, por que não utilizamos esse poder para fazer algo verdadeiramente útil?

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Somos fanáticos por novela, futebol e cerveja (ou pelo menos somos condicionados a isso). Utilizamos Twitter para fazer campanhas do tipo “Cala boca Galvão” ou “Lula se trate no SUS”, enviamos milhões de votos para eliminar um participante do Big Brother, mas somos incapazes de fazer campanha para acabar com aberrações como o voto secreto, que manteve no poder pessoas como Jaqueline Roriz, entre outras coisas absurdas que acontecem na política de nosso país.

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Essas campanhas mostram que ainda não temos consciência das novas possibilidades, ou não estamos interessados em ter. Somos insatisfeitos e reclamamos de tudo, mas não nos organizamos para realizar protestos ou tentar mudar aquilo que nos deixa indignados. E quando conseguimos organizar uma passeata, é de forma tão tímida que os políticos nem levam em consideração e sentem-se à vontade para continuar a  fazer o que fazem melhor: trabalhar em prol de si mesmos. Para piorar, a parada gay de SP reuniu perto de 4 milhões de pessoas, o que mostra que temos muito mais disposição para a diversão do que para a cidadania.

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Temos no Brasil uma democracia representativa, ou seja, elegemos políticos que nos representam na defesa de nossos interesses. Todos sabemos que isso não funciona bem no Brasil, e a solução não é mudar o sistema, e sim reformá-lo. Devemos continuar elegendo nossos representantes (no passado lutamos para ter esse direito), no entanto devemos também participar efetivamente da democracia, e não somente de quatro em quatro anos. A novidade é que agora temos vários canais de comunicação para manifestar nossa indignação e fiscalizar nossos representantes.

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Jaqueline Roriz

Mesmo com um flagrante de corrupção filmado e postado no youtube, a deputada Jaqueline Roriz foi inocentada pelos colegas com a argumentação de que o filme foi feito antes de Jaqueline ser eleita. Na verdade, o dinheiro foi dado pelo ex-governador Arruda para ajudar na campanha em troca de apoio após as eleições. As passeatas tímidas em Brasília não assustaram os políticos.

Hoje podemos publicar filmes, textos e imagens livremente. O prefeito disse que fez muita coisa? mostre para o público filmes e fotos das ruas esburacadas e hospitais sem médicos. A deputada foi pega com a “boca na botija” enchendo a bolsa imunda com o nosso dinheiro? foi filmado e postado no youtube? Então por que essa meliante ainda está nos representando? Assim como ocorreu com a Primavera Árabe, devemos utilizar as redes sociais para organizar protestos, e não paradas gays.

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Está na hora de agir, de utilizar a tecnologia digital para consolidar no Brasil uma democracia representativa, de deixar a passividade de lado e se conscientizar que temos nas mãos mecanismos para fiscalizar nossos representantes. Devemos voltar nossa atenção  para nossos representantes, para fiscalizar e cobrar. Para que isso aconteça, falta apenas que o Brasileiro aprenda a fazer coisas úteis com sua conectividade. É nossa vida que está em jogo, nossos empregos,  a educação de nossos filhos, a segurança de nossas ruas e a melhoria de nossas cidades. Um participante do Big Brother não pode ser mais importante do que isso.

Alfredo Carneiro

Licença Creative Commons
O texto “A gente somos inútil”? de Alfredo de Moraes Rêgo Carneiro foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 3.0 Não Adaptada. Você pode distribuir, reproduzir, adaptar e fazer uso comercial desde que cite o autor.

Tecnologia ou Metodologia?

Participei de um fórum, da Universidade Católica de Brasília, onde foi debatida a importância da tecnologia na educação. Em um dos posts foi colocada a charge abaixo, satirizando o uso da tecnologia na sala de aula. Muitos entendem o vídeo como uma crítica à tecnologia. No entanto, eu não o vejo como uma crítica ao uso de recursos tecnológicos no ensino, e sim à forma como a tecnologia é utilizada. Abaixo do vídeo segue a minha participação no fórum, onde expressei a minha opinião sobre o assunto.

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Boa noite caros colegas,

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Eu concordo em parte com a divertida charge sugerida. Claro que sem a metodologia correta a tecnologia de nada adiantará, afinal, livros quadros, giz e computadores são todos tecnologias.

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Uma pesquisa publicada na revista Época no.683, de 20 de junho de 2011, sugere justamente isso. Vários computadores foram distribuídos em escolas públicas, sem metologia ou plano de ensino, e o resultado foi que os alunos tiveram o rendimento prejudicado.

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No entanto, outras pesquisas publicadas na mesma edição da revista apontaram que escolas que tinham um planejamento para a tecnologia obtiveram resultados melhores que o esperado.

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Quando falo de “novas tecnologias” não me refiro apenas à tecnologia desconectada, mas a todo um processo de convergência tecnológica que está ocorrendo, ligando pessoas de todos os horizontes através de tecnologias digitais.

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O perigo do estudante não ter acesso a esse tipo de tecnologia é ele ficar de fora do processo de aprendizado e autoria coletiva que está acontecendo, onde nós, desse fórum, somos um exemplo.

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Desta forma, minha resposta para a pergunta inicial da charge (Metodologia ou Tecnologia?) é : metodologia e tecnologia, pois uma sem a outra não são mais possíveis.

O exemplo da Primavera Árabe

primavera árabe

O protesto é uma das grandes possibilidades da cultura digital. A Primavera Árabe nos mostrou que a sociedade pode e deve utilizar as novas mídias para se livrar de governantes corruptos.

As redes sociais contribuíram para a organização dos levantes populares no Egito,Tunísia, Síria, Líbia e Yemem entre 2010 e 2011. Esses países foram controlados durante décadas por ditaduras corruptas e violentas, que massacravam o povo enquanto seus governantes enriqueciam ilicitamente. Esses levantes, coordenados por cidadãos indignados,  ficaram conhecidos como Primavera Árabe, e representam também uma vitória da organização da sociedade civil potencializada pelas redes horizontais de comunicação de massa, que são as novas mídias via internet e celular.  A reportagem abaixo da TV Cultura ajuda a compreender esse importante acontecimento e eu a recomendo a todos que querem entender as possibilidades de protesto na cultura digital.



Entrevista com o professor Vitor Henrique Paro

Os assuntos tratados pelo professor Vitor refletem a atual situação da escola no Brasil e a nova relação do aluno com  o conhecimento.  Ele defende a ideia do professor como um incentivador,  alguém que deve ajudar o aluno a se humanizar em uma sociedade que está se tornando cada vez mais desumana e tecnicista.  Apesar de não tratar diretamente de cultura digital, podemos observar no discurso do professor o peso dos problemas modernos e o surgimento de um novo paradigma educacional: a escola como um espaço de desenvolvimento de valores e de inclusão social.



Podem as máquinas pensar? – Um experimento mental do filósofo John Searle.

No filme "Matrix", de 1999, Smith (que é um programa de computador) declara seu ódio aos humanos. Isso é possível? Pesquisadores da inteligência artificial (IA) afirmam que sim, mas o filósofo John Searle criou um experimento mental chamado "sala chinesa" para mostrar que computadores não podem pensar.

Esse é um tema muito explorado em filmes de ficção científica e discutido por aqueles que se perguntam aonde chegaremos com os avanços da inteligência artificial (IA), se é que existe tal inteligência. Marvin Minsky, um dos fundadores do MIT, afirmou que a próxima geração de computadores será tão inteligente que “teremos muita sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação”. John McCarthy, que cunhou o termo IA, declarou que “máquinas tão simples como termostatos têm — pode dizer-se — crenças”. Declarações deste tipo, feitas por cientistas renomados, estimulam a imaginação e assustam os incautos.

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No entanto, o filósofo John Roger Searle encarou com sarcasmo essas expectativas exageradas e elaborou então um “experimento mental” para demonstrar que uma máquina não tem sequer a capacidade de compreender significados (semântica), apenas segue regras de sintaxe e responde a comandos pré-estabelecidos. O poder de processamento e a sofisticação dos programas nos dão a falsa impressão de inteligência.

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Sala Chinesa de John Searle

O experimento mental desenvolvido por John Searle, chamado de "Sala Chinesa" tenta mostrar que computadores não podem pensar.

Searle chamou o nome desse experimento de “sala chinesa”. Ele pede que imaginemos uma pessoa, dentro de uma sala, que entende inglês e tem um livro com regras em inglês para combinar símbolos em chinês. Dentro da sala estão vários cestos numerados, e dentro dos cestos estão papéis com símbolos em chinês. Essa pessoa recebe, por baixo da porta, símbolos em chinês que ela não entende. Então ela consulta as regras que informam como ele deve combinar os símbolos e devolver por baixo da porta. As regras falam mais ou menos assim: “se o símbolo recebido for parecido com este, pegue o papel da cesta no. 13 e devolva por baixo da porta”. A pessoa dentro da sala não sabe, mas está respondendo perguntas em chinês. Nem ao menos sabe o significado dos símbolos, apenas tem uma regra para combinar os símbolos e devolvê-los por baixo da porta. Essa é a base do “pensamento” das máquinas.

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Hall 9000

Em "2001: Uma Odisséia no Espaço" o computador Hall 9000 reage à tentativa dos astronautas de desligá-lo

Esse exemplo nos mostra que o processamento dos computadores não pode ser comparado com a inteligência humana. O que renomados cientistas chamam de “Inteligência Artificial” é o resultado de entradas e saídas de dados realizadas de forma “burra”.

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Computadores não tem capacidade de saber o que significam as palavras. Se eu falo para alguém a palavra “amor”, “ódio” ou “afeto”, essa pessoa lhes atribui significado e recorda situações de sua vida onde elas se aplicam. A inteligência humana leva em consideração esses significados  e toma decisões baseadas em complexas interpretações pessoais. Isso é algo básico para qualquer ser humano e fundamental para o pensamento. É algo que as máquinas ainda não podem fazer.

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Alfredo Carneiro
Licença Creative Commons
Este texto do Netmundi – Cibercultura, site de Alfredo Carneiro, foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.

Sebastian e a popularização da tecnologia

Enquanto o governo do Chile prometia fazer um sistema de alarme de terremotos, o garoto chileno Sebastian Alegria criou um com 200 dólares.

Como transformar a internet em uma poderosa ferramenta a serviço de todos? O pequeno Sebastian Alegria, do Chile, sabe como fazer isso. Ele tinha apenas a vontade de fazer e a percepção de que, com os recursos tecnológicos que dispunha, poderia fazer. Enquanto o governo do Chile fazia promessas, licitações e elaborava projetos para criar um sistema de alerta de terremotos, o garoto chileno já tinha feito um.

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Sebastian faz parte de uma geração que cresceu acostumada a usar as tecnologias digitais. No entanto, diferente da grande maioria dos jovens que inundam o ciberespaço com bobagens, ele utilizou o twitter para criar um serviço de utilidade pública, um sistema de alarme de terremotos eficiente. Comprou e estudou um detector caseiro de atividade sísmica e uma placa Arduino para criar uma interface com seu computador. O resultado é um sistema que, a cada vez que o sismógrafo detecta qualquer movimento suspeito, dispara automaticamente alertas via twitter no perfil @AlarmaSismos. A engenhoca já foi capaz de detectar todos os grandes terremotos sentidos em Santiago desde maio de 2011 e custou aproximadamente 200 dólares.

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Semelhante ao jovem brasileiro Rene Silva, o chileno Sebastian Alegria não esperou pelas ações lentas e burocráticas de seu governo. Ele saiu ferido do terremoto que aconteceu no Chile em 2010 e resolveu tomar uma atitude.  Por mais simples que seja o sistema criado, tal sistema funciona muito bem. Esse exemplo mostra a vantagem da popularização da tecnologia. Uma boa ideia pode estar em qualquer lugar, baratear a tecnologia e compartilhar conhecimento possibilita o surgimento de grandes soluções.

Edgar Morin e a Educação na Era Planetária

Edgar Morin defende que as áreas de conhecimento possuem um "tecido comum", mas que, devido à forma como o ensino está organizado, esse tecido se torna invisível.

Considero esse vídeo de Edgar Morin, no final do post,  muito importante para compreender o tipo de educação que é necessária na era digital. Suas  ideias expressam um conceito fundamental para a educação que é  totalmente ignorado na organização do ensino. Esse conceito é o “tecido comum que une os conhecimentos”. Quem já não ouviu alguem dizer: “para que vou estudar isso? não serve para nada”, ou “para que vou estudar isso, não tem nada a ver com meu curso”.

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Observações como essas são o resultado da forma como o ensino está organizado, e que constitui uma das críticas de Morin, quando ele afirma que ” Aprendemos a analisar, separar mas não a relacionar e fazer com que as coisas se comuniquem”. Ele afirma que as disciplinas tem um tecido comum que as une, mas devido a separação se torna invisível.

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Quando estudamos fazendo comparações e relações com outras coisas que sabemos, conseguimos entender melhor o objeto de nosso estudo. Existem relações entre matemática, biologia, astronomia e língua portuguesa. Mas a separação, sem a preocupação com arelação, torna o entendimento mais pobre. Até mesmo comparações absurdas tem validade para o aprendizado. Conversando com um amigo sobre o sistema solar, ele fez a seguinte observação : “o sistema solar é protegido por uma bolha local, gerada pelo sol, semelhante à membrana de uma célula de nosso corpo ou uma galinha que protege os ovos”.

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Quando fui explicar para meu filho sobre a tal “bolha local”, disse que parecia com uma bolha de sabão, tendo o sol ao centro,  e ele entendeu  na hora. Traçamos a todo momento relações com outras coisas que sabemos e com nossa própria experiência, e isso é fundamental para o aprendizado e para um entendimento mais amplo.

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