Podem as máquinas pensar? – Um experimento mental do filósofo John Searle.

No filme "Matrix", de 1999, Smith (que é um programa de computador) declara seu ódio aos humanos. Isso é possível? Pesquisadores da inteligência artificial (IA) afirmam que sim, mas o filósofo John Searle criou um experimento mental chamado "sala chinesa" para mostrar que computadores não podem pensar.

Esse é um tema muito explorado em filmes de ficção científica e discutido por aqueles que se perguntam aonde chegaremos com os avanços da inteligência artificial (IA), se é que existe tal inteligência. Marvin Minsky, um dos fundadores do MIT, afirmou que a próxima geração de computadores será tão inteligente que “teremos muita sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação”. John McCarthy, que cunhou o termo IA, declarou que “máquinas tão simples como termostatos têm — pode dizer-se — crenças”. Declarações deste tipo, feitas por cientistas renomados, estimulam a imaginação e assustam os incautos.

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No entanto, o filósofo John Roger Searle encarou com sarcasmo essas expectativas exageradas e elaborou então um “experimento mental” para demonstrar que uma máquina não tem sequer a capacidade de compreender significados (semântica), apenas segue regras de sintaxe e responde a comandos pré-estabelecidos. O poder de processamento e a sofisticação dos programas nos dão a falsa impressão de inteligência.

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Sala Chinesa de John Searle

O experimento mental desenvolvido por John Searle, chamado de "Sala Chinesa" tenta mostrar que computadores não podem pensar.

Searle chamou o nome desse experimento de “sala chinesa”. Ele pede que imaginemos uma pessoa, dentro de uma sala, que entende inglês e tem um livro com regras em inglês para combinar símbolos em chinês. Dentro da sala estão vários cestos numerados, e dentro dos cestos estão papéis com símbolos em chinês. Essa pessoa recebe, por baixo da porta, símbolos em chinês que ela não entende. Então ela consulta as regras que informam como ele deve combinar os símbolos e devolver por baixo da porta. As regras falam mais ou menos assim: “se o símbolo recebido for parecido com este, pegue o papel da cesta no. 13 e devolva por baixo da porta”. A pessoa dentro da sala não sabe, mas está respondendo perguntas em chinês. Nem ao menos sabe o significado dos símbolos, apenas tem uma regra para combinar os símbolos e devolvê-los por baixo da porta. Essa é a base do “pensamento” das máquinas.

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Hall 9000

Em "2001: Uma Odisséia no Espaço" o computador Hall 9000 reage à tentativa dos astronautas de desligá-lo

Esse exemplo nos mostra que o processamento dos computadores não pode ser comparado com a inteligência humana. O que renomados cientistas chamam de “Inteligência Artificial” é o resultado de entradas e saídas de dados realizadas de forma “burra”.

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Computadores não tem capacidade de saber o que significam as palavras. Se eu falo para alguém a palavra “amor”, “ódio” ou “afeto”, essa pessoa lhes atribui significado e recorda situações de sua vida onde elas se aplicam. A inteligência humana leva em consideração esses significados  e toma decisões baseadas em complexas interpretações pessoais. Isso é algo básico para qualquer ser humano e fundamental para o pensamento. É algo que as máquinas ainda não podem fazer.

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Alfredo Carneiro
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Este texto do Netmundi – Cibercultura, site de Alfredo Carneiro, foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.