Archive for the ‘Educação’ Category

Sebastian e a popularização da tecnologia

Enquanto o governo do Chile prometia fazer um sistema de alarme de terremotos, o garoto chileno Sebastian Alegria criou um com 200 dólares.

Como transformar a internet em uma poderosa ferramenta a serviço de todos? O pequeno Sebastian Alegria, do Chile, sabe como fazer isso. Ele tinha apenas a vontade de fazer e a percepção de que, com os recursos tecnológicos que dispunha, poderia fazer. Enquanto o governo do Chile fazia promessas, licitações e elaborava projetos para criar um sistema de alerta de terremotos, o garoto chileno já tinha feito um.

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Sebastian faz parte de uma geração que cresceu acostumada a usar as tecnologias digitais. No entanto, diferente da grande maioria dos jovens que inundam o ciberespaço com bobagens, ele utilizou o twitter para criar um serviço de utilidade pública, um sistema de alarme de terremotos eficiente. Comprou e estudou um detector caseiro de atividade sísmica e uma placa Arduino para criar uma interface com seu computador. O resultado é um sistema que, a cada vez que o sismógrafo detecta qualquer movimento suspeito, dispara automaticamente alertas via twitter no perfil @AlarmaSismos. A engenhoca já foi capaz de detectar todos os grandes terremotos sentidos em Santiago desde maio de 2011 e custou aproximadamente 200 dólares.

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Semelhante ao jovem brasileiro Rene Silva, o chileno Sebastian Alegria não esperou pelas ações lentas e burocráticas de seu governo. Ele saiu ferido do terremoto que aconteceu no Chile em 2010 e resolveu tomar uma atitude.  Por mais simples que seja o sistema criado, tal sistema funciona muito bem. Esse exemplo mostra a vantagem da popularização da tecnologia. Uma boa ideia pode estar em qualquer lugar, baratear a tecnologia e compartilhar conhecimento possibilita o surgimento de grandes soluções.

Edgar Morin e a Educação na Era Planetária

Edgar Morin defende que as áreas de conhecimento possuem um "tecido comum", mas que, devido à forma como o ensino está organizado, esse tecido se torna invisível.

Considero esse vídeo de Edgar Morin, no final do post,  muito importante para compreender o tipo de educação que é necessária na era digital. Suas  ideias expressam um conceito fundamental para a educação que é  totalmente ignorado na organização do ensino. Esse conceito é o “tecido comum que une os conhecimentos”. Quem já não ouviu alguem dizer: “para que vou estudar isso? não serve para nada”, ou “para que vou estudar isso, não tem nada a ver com meu curso”.

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Observações como essas são o resultado da forma como o ensino está organizado, e que constitui uma das críticas de Morin, quando ele afirma que ” Aprendemos a analisar, separar mas não a relacionar e fazer com que as coisas se comuniquem”. Ele afirma que as disciplinas tem um tecido comum que as une, mas devido a separação se torna invisível.

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Quando estudamos fazendo comparações e relações com outras coisas que sabemos, conseguimos entender melhor o objeto de nosso estudo. Existem relações entre matemática, biologia, astronomia e língua portuguesa. Mas a separação, sem a preocupação com arelação, torna o entendimento mais pobre. Até mesmo comparações absurdas tem validade para o aprendizado. Conversando com um amigo sobre o sistema solar, ele fez a seguinte observação : “o sistema solar é protegido por uma bolha local, gerada pelo sol, semelhante à membrana de uma célula de nosso corpo ou uma galinha que protege os ovos”.

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Quando fui explicar para meu filho sobre a tal “bolha local”, disse que parecia com uma bolha de sabão, tendo o sol ao centro,  e ele entendeu  na hora. Traçamos a todo momento relações com outras coisas que sabemos e com nossa própria experiência, e isso é fundamental para o aprendizado e para um entendimento mais amplo.

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Cultura e Cibercultura

A forma de conhecer outras culturas através das tecnologias digitais é diferente da que nos é oferecida pelas mídias de massa.

A cultura é entendida como o conjunto de costumes, crenças, comportamentos e leis que se manifestam em um determinado povo, isso quer dizer que toda cultura sempre tem um contexto muito bem definido. Todos os povos tem uma identidade cultural que é construída ao longo de sua história, e a cultura de um determinado povo afeta a percepção de mundo de seus habitantes. A diversidade cultural também ocorre dentro de uma cultura, como é o caso do Brasil, onde temos várias religiões e   grupos sociais.  Dessa forma, dentro de uma cultura encontramos diferentes  pontos de vista e visões de mundo.

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Com o advento das telecomunicações, indivíduos de várias culturas e gerações diferentes passaram a e dialogar e trocar experiências. A história  está repleta de episódios onde ocorreu o encontro de culturas, o problema é que grande parte desses episódios foram marcados pela brutalidade, conflitos e dominação comandados por impérios e estados. E, mais recentemente, a percepção cultural de outros povos se dava (e ainda se dá) através da televisão, ou seja, ainda através de terceiros.

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A cibercultura, por sua vez, é indiferente aos contextos e identidades culturais. Ela não representa a cultura de um determinado povo, no entanto liga pessoas de todas as culturas de forma indiscriminada. Isso torna a universalidade sua principal característica, e implica na percepção da alteridade , na mudança de costumes e na criação de novos pontos de vista. Isso se dá através do diálogo direto com pessoas que tem concepções distintas de mundo. Um jovem, conectado à internet, pode descobrir que existem outras formas possíveis de entender e representar o mundo através do diálogo. A palavra universalidade é utilizada aqui para se referir ao universo humano.

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Isso não quer dizer que os velhos problemas que envolvem a alienação, o preconceito e o senso comum irão acabar, a conectividade das tecnologias digitais é indiferente a isso, mas essa interatividade representa uma possibilidade de conhecer o outro de forma mais rica e pessoal, sem os filtros comuns das mídias de massa ou da opinião alheia. Esse contato direto entre os indivíduos representa a novidade e a força da cibercultura.

Pesquisas indicam…

Falar de pesquisas sem criar links é sinal de desonestidade ou fraqueza de argumentos.

Os debates nos fóruns, grupos de estudos e comunidades virtuais, onde pessoas de todos os horizontes podem participar, é uma das grandes vantagens das mídias sociais. Não estou considerando aqui aqueles debates virulentos que acabam quase sempre em xingamentos (muito comuns hoje em dia), mas aqueles onde as pessoas se reúnem para aprender, transmitir conhecimentos e buscar soluções. Esse é o início da inteligência coletiva e da exploração do contexto individual. No entanto, existe um vício na argumentação dos debates que está se tornando muito comum, que é querer criar força de argumentação afirmando que “uma pesquisa realizada mostrou que…”, ou algo parecido.

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Portanto, quem quer dar força para sua argumentação e contribuir de fato, deve utilizar outra vantagem da internet, que é o hiperlink. Quem apenas escreve que  “conforme pesquisa realizada recentemente” e não utiliza o hiperlink comete uma falácia.  Mais especificamente a falácia do Apelo à Autoridade Anônima.

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Se o hiperlink não for possível, a pesquisa deve ser citada para quem quiser procurar, como em “pesquisa publicada pela SafeNet Brasil dia 9 de outubro de 2011…”.  Um exemplo de argumentação correta é:  “Estudo recente indicou que a internet está reduzindo a capacidade de memorização dos internautas“.

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Dessa forma, fica explícito que a informação tem uma fonte e, melhor ainda, que pode ser acessada imediatamente por todos. Quem argumenta utilizando hiperlink enriquece o discurso e cria novas conexões para o assunto, transformando a internet em uma teia de conhecimentos que se renova a cada dia com o trabalho coletivo.

Internet e o Princípio de Pareto

Que atire a primeira pedra quem nunca ligou o computador somente para ler um e-mail e passou horas navegando. Na era digital é comum ouvir reclamações sobre a falta de tempo para ler todas as novidades ou se atualizar. O universo de informações do ciberespaço é como uma armadilha que prende nossa atenção por horas e horas. Um link leva a outro e depois a outro e assim por diante. A internet se transformou em um buraco negro que suga o nosso tempo. No entanto, quanto de nossa navegação gera resultados práticos para nosso cotidiano? Temos a impressão que é a tecnologia que nos usa, e não o contrário, como deveria ser.

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Ironicamente, em uma época de explosão de informações, parece que não existe um debate amadurecido sobre o uso correto das tecnologias digitais. Pior ainda, existe um culto à essas tecnologias. Isso é muito claro nas imensas filas que surgem quando do lançamento de algum novo produto da Apple, para citar um exemplo.  As pessoas se tornaram fãs de máquinas. Uma investigação feita para um documentário da BBC chegou a conclusão que o culto à Apple se assemelha a religião.  Quando isso acontece, corremos o risco de esquecer que a tecnologia é um meio, e não um fim.

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O que devemos ter em mente, acredito,  é que as tecnologias surgiram e se desenvolveram para nos ajudar a superar nossas limitações e dificuldades. Mas, a impressão geral é que estamos aos poucos fazendo coisas que não têm relação com esse objetivo, o que é um desperdício dado o enorme poder da tecnologia digital. De acordo com o  Princípio de Pareto, 80% dos resultados são provenientes de apenas 20% das causas. Grosso modo, isso quer dizer que apenas 20% do que fazemos é o que gera 80% do que conseguimos. Mas, parece que, na internet, as pessoas estão muito ocupadas fazendo 80% das coisas que dão poucos resultados.

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Então, como identificar quais as atividades que se enquadram nos 20% que geram resultados? Essa não é uma resposta simples, uma vez que está baseada em nossos objetivos pessoais. No entanto, se é difícil identificar nossas tarefas mais importantes, talvez não seja tão complicado identificar as que nos atrapalham, aquelas que representam os 80%. Um pouco de observação deve dar algumas respostas. E-mails de correntes, “vídeos imperdíveis”, chats, video games e todo tipo de leituras e distrações que surgem quando navegamos.

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Isso não quer dizer que devemos parar fazer essas coisas, mas sim perceber quando elas roubam nosso tempo e nos afastam de nossas metas. O uso correto da tecnologia deve se tornar um debate cada vez mais importante, agora que, mais do que nunca, a tecnologia digital está se tornando universal. Se soubermos utilizar corretamente nossos recursos tecnológicos e o nosso precioso tempo, então poderemos nos divertir na internet e brincar com nossos queridos gadgets.

Vídeo sobre a cultura digital no Brasil

Este pequeno documentário fala sobre cultura livre e cultura digital no Brasil. Achei o vídeo um tanto ingênuo e otimista demais. No entanto, alguns entrevistados conseguiram falar com clareza sobre a produção coletiva de conteúdo, além de citar exemplos de protestos na rede que deram resultados positivos.

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Digirealejotal from FLi Multimídia on Vimeo.

Tecnologia e Educação

A internet como ferramenta de ensino é uma das promessas mais interessantes das tecnologias digitais. No entanto, sua utilização ainda depende da conscientização de professores e alunos e do uso correto de ferramentas de aprendizagem. Não basta distribuir computadores para todos, é preciso criar conteúdos específicos, softwares educativos e, principalmente, saber utilizar corretamente tais  recursos. Os casos de sucesso de uso da tecnologia na educação foram sempre precedidos por estratégias de ensino, enquanto que os casos de insucesso partiram da premissa de que bastaria distribuir computadores. Nesse debate sobre o uso dos recursos tecnológicos surge um novo tipo de educador, aquele que ensina a utilizar corretamente a tecnologia.

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Existem ainda muitos professores que criticam a internet como fonte de pesquisa, falam que a maioria dos alunos copiam e colam os textos e não desenvolvem o pensamento próprio, ou que as informações da internet não são confiáveis. Ao afirmar isso, o educador critica a sí próprio, pois com a universalização da internet o professor deverá assumir a função de orientar e incentivar seus alunos a tirar o melhor proveito possível em suas pesquisas na rede. Enquanto alguns criticam, outros olham mais longe. Podemos observar cada vez mais o crescimento de video-aulas na internet. Muitos professores estão descobrindo a importância de gravar vídeos de apoio para seus alunos e utilizar fóruns para tirar dúvidas após as aulas. O professor passa a ser também um criador de conteúdo.

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É fato que hoje muitos jovens passam horas em redes sociais e video-games, ou utilizando a internet para fazer todo tipo de bobagem. Mais uma vez as coisas se confundem e cria-se a falsa ideia de que a alienação dos jovens é culpa da tecnologia, que acaba sendo vista como uma entidade separada do humano, como um monstro nocivo. A verdade é que os problemas de alienação que observamos são fruto do mau uso da tecnologia, levando em consideração o raciocínio simplório de que a tecnologia não faz nada por sí só. Nas redes sociais os jovens mais se ofendem do que argumentam, o que vem a ser outro reflexo da educação deficiente.

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Dessa forma, não adianta equipar as salas de aulas com tablets, lousa interativa ou notebooks. Se a sala de aula não funciona da forma tradicional, não funcionará com dispositivos eletrônicos. Uma boa estratégia de ensino funciona bem com ou sem tecnologia. Mas, para aqueles que adotam tecnologia com estratégia, os resultados têm sido satisfatórios.

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Infelizmente, poucos podem participar desse debate. Escrevo esse texto consciente da situação de nossas escolas públicas e da luta diária de nossos professores. Não podemos exigir que nossos educadores façam cada vez mais com menos recursos. Resta a conclusão cruel de que uma educação eficiente e que oriente os alunos a usar corretamente a tecnologia é um privilégio de poucos jovens, aqueles que podem frequentar as melhores escolas privadas. Não adianta atualizar professores se os alunos mal têm acesso a internet nas escolas e em suas casas. Caso nossos políticos não se comprometam seriamente com a educação, teremos o agravamento da exclusão digital e uma geração inteira utilizando tecnologia para fazer bobagens, e não para servir a todos e ao futuro.

Cibercultura e alteridade

Tentar entender outras culturas ou pessoas exige uma abertura para a alteridade

A alteridade é uma experiência que nos permite conhecer o outro. Os meios digitais proporcionam a interligação de pessoas de culturas e visões de mundo diferentes, através de um ambiente que permite o diálogo direto. No entanto, esse contato implica em uma atitude aberta e descondicionada. Isso quer dizer que não podemos conhecer o outro enquanto levarmos  nossa  bagagem de condicionamentos e preconceitos.

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Insistir em entender outras pessoas e culturas a partir de nossos conceitos e contextos é insistir em nada entender. Essa lição já nos foi dada pela antropologia. No passado, os antropólogos procuravam entender os povos “primitivos” em comparação com a “civilização”. Procuravam entender as outras culturas a partir do ponto de vista da evolução. Posteriormente, quando os antropólogos finalmente passaram a viver entre os povos que estudavam, puderam perceber a complexidade das sociedades ditas “primitivas”.  Perceberam a profundidade de suas religiões,  seus simbolismos, a organização de suas sociedades e estruturas de poder. Descobriram que, para os contextos desses povos, sua visão de mundo era até mesmo mais eficiente que a visão “civilizada”.

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Isso não quer dizer que, no contato com o outro, devo anular minha identidade. Isso seria um absurdo, uma vez que,  para que ocorra um diálogo, é necessário que todos os envolvidos tenham uma identidade. Isso é bem diferente de uma atitude aberta, que se dispõe a fazer algumas concessões em nome do entendimento ou do acordo. A alteridade permite tanto o diálogo quanto o respeito à identidade dos envolvidos.

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No Brasil, onde temos várias religiões, é normal que as pessoas tenham amigos de crenças opostas. Umbandistas, evangélicos, católicos, budistas, esotéricos, ateus e agnósticos convivem sem grandes conflitos. No entanto, podemos observar na internet o crescimento do proselitismo e  do preconceito. As redes sociais estão repletas de discursos virulentos e ofensas entre pessoas de crenças opostas, e o crescimento da internet só tende a aumentar isso.

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Outros, mais inteligentes, utilizam a internet  para ampliar seus contatos sociais e conhecimentos. Fazem amizades com pessoas de outros países e conhecem outras religiões sem deixar de lado suas crenças, aumentando suas perspectivas e pontos de vista. São comuns hoje os relatos de casamentos de pessoas de outros países ou crenças que se conheceram através da internet. Isso mostra que, quando nos abrimos para a alteridade,  aprendemos mais sobre nós mesmos.

LINE BREAKe enriquecedor

No Dicionário Filosófico, de Regina Schopke, temos um conceito bastante enriquecedor sobre a alteridade.

Acerca das relações entre os seres, diz Nietzsche, um ser é sempre um transmundo para o outro, o que significa dizer que cada ser é único, singular,  insubstituível, embora nem por isso seja impossível estabelecer uma ponte verdadeira entre eles. Tal ponte, nascida do amor, da amizade ou de algum tipo de afeto,  termina por unir mundos que, de outro modo, talvez jamais se tocariam.

Amanda Gurgel e a verdade

A professora Amanda Gurgel conseguiu expôr de forma clara a situação desanimadora da educação no Brasil.

O vídeo do discurso da professora Amanda Gurgel para os deputados do RN virou febre na internet.  Ela expôs, com indignação e propriedade,  suas dificuldades como professora e a situação crítica da educação no Brasil. Não é bem isso que aparece na televisão em períodos de eleição, época em que os políticos, finalmente,  resolvem falar sobre educação.

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Eles, os políticos,  falam de suas conquistas citando números, mostrando a construção de escolas e mascarando a realidade. Esse episódio mostra que  a perda da hegemonia das mídias de massa para a internet vai tornar a vida de políticos mentirosos um pouco mais difícil. Não está mais tão fácil mentir, uma vez que a verdade pode vir a tona através de algum vídeo viral.

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O importante desse episódio é entender que  sem a popularização da internet  discursos como esse iriam se perder. Não precisamos mais pedir para alguma emissora ou jornal publicar nossa indignação. Podemos fazer isso nós mesmos.  É importante compreender que estamos em um processo de democratização da informação.

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Portanto, não estamos mais tão impotentes perante os desmandos e as mentiras dos políticos e da grande mídia. O alerta da professora Amanda Gurgel é também um convite para todos os que querem protestar.

As novas tecnologias imbecilizam?

Culpamos as tecnologias porque queremos tirar de nossas costas o peso de nossa responsabilidade. Televisão, internet, celulares e video-games são interpretados com “entidades” que alienam e viciam os jovens, como se essas tecnologias tivessem vida própria.   O fato, bem real, é que os jovens das grandes cidades estão ficando alienados. No entanto, culpar as tecnologias é reduzir um problema complexo para que, enfim satisfeitos e livres de culpa, possamos prosseguir com nossos julgamentos equivocados.

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Armando Levy, gestor de conteúdo da e-Press, faz a seguinte observação :

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“No entanto, o que parece se tornar evidente a cada dia que passa é o fator de alienação que se esconde no uso de Internet, pois a juventude, ao invés de questionar a corrupção no País ou a qualidade do ensino que recebe, parece preferir passar seu tempo em pseudo comunidades no Orkut ou Youtube comentando a capa que o cantor do último vídeo clipe estava usando”

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Portanto, a bobagem coletiva que vemos na internet é fruto de uma alienação que inicia nas escolas, nas casas e no governo. Talvez, até mesmo por conta de nossa educação, voltada para a produtividade, perdemos a capacidade de ver o  óbvio. E o óbvio é que por trás das tecnologias estão pessoas.  Supor que as tecnologias são culpadas é supor que uma arma consiga cometer um crime por conta própria.

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Pierre Levy fala sobre isso em seu livro Ciberculura :

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“Mesmo supondo que existam três “entidades” (cultura, tecnologia e sociedade), poderíamos igualmente pensar que a tecnologia é fruto de uma cultura e de uma sociedade. Não existe nenhum ator ou “causa” independente. Encaramos as tendências intelectuais como atores porque existem grupos humanos bastante reais que se organizam ao redor desses conceitos. Ou mesmo porque alguns desses grupos tentam nos fazer acreditar que um problema é “puramente técnico” , “puramente cultural” ou “puramente econômico”. As verdadeiras relações não são entre tecnologia e cultura, e sim entre um grande número de atores humanos que inventam, produzem, utilizam e  interpretam as tecnologias.”

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É mais fácil culpar essas “entidades” do que olhar para nossas falhas.  Não usamos o poder  da internet para combater a corrupção e o  descaso com a  educação.  Observamos a cultura da beleza,  da futilidade, da indivudualidade e da “auto-estima” tomar conta de nossa juventude, que aos poucos começa a perder seu senso crítico  e a seguir as “modas”  e  “tendências”, mascaradas de tribos e filosofias,   que são disseminadas através das mídias de massa.  Tudo isso tem uma singela lógica : vender produtos. E para vender produtos vale tudo, até mesmo alienar uma geração.

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Deixamos nossos filhos  em busca da “eficiência” e da “eficácia”,  buscamos a felicidade pessoal, perseguimos a magreza, a beleza e a riqueza em detrimento do verdadeiro convívio social.  Não cobramos nossos direitos e não cumprimos com nossos deveres.  Quando a sociedade apresenta os resultados dessa visão de mundo, dizemos que o problema está na televisão,  na internet, nos video-games ou seja lá o que for a “bola da vez”.

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