Archive for the ‘Cultura’ Category
Eduardo Kac e o futuro

Eduardo Kac é um artista brasileiro que une arte, ciência e tecnologia. Seus trabalhos são visionários e antecipam o futuro da relação do homem com a tecnologia digital e a engenharia genética.
As tecnologias digitais influenciaram profundamente nosso comportamento. Redes sociais conectam a todos, mídias de massa perdem espaço para internet, pessoas ficam viciadas em tecnologia e games, crianças aprendem a ler em tablets e músicos ficam famosos sem o intermédio de gravadoras. Parte de nosso mundo se tornou ciberpunk , e arte não poderia ficar de fora.
Edurado Kac é um artista brasileiro que já explorava a tecnologia digital antes mesmo da popularização da internet. Seus trabalhos interativos procuram causar impacto e estimular a curiosidade. Suas primeiras obras são de 1985, onde ele utilizou o videotexto. As pessoas podiam acessar um terminal, visualizar páginas de texto e mandar mensagens para outras pessoas. Hoje todos nós enviamos mensagens de celular e navegamos na internet, mas poucos perceberam as profundas mudanças que isso causou na sociedade. No entanto, naquela época Kac já percebia esse futuro.

Na obra "O Oitavo Dia", Kac mandou alterar geneticamente pequenos animais e plantas, tornando-os fluorescentes. Isso é certo? São perguntas desse tipo que a arte tecnológica deve estimular.
Hoje esse artista explora também a engenharia genética, e nos adianta um mundo onde poderemos brincar com isso da mesma forma que brincamos hoje com a eletrônica. Kac mandou alterar geneticamente um coelho, tornando-o fluorescente, que foi batizado de Alba e causou polêmica. Criou também um kit para manipulação genética. Mais uma vez as pessoas se espantam com o óbvio, com algo que está acontecendo bem na nossa frente e não percebemos.
Uma das funções da arte nos dias de hoje é não deixar que as coisas aconteçam sem que nós possamos perceber. Devemos olhar para a arte tecnológica como uma possibilidade de realização futura, e decidir se queremos esse futuro ou não. Kac nos convida a refletir sobre o futuro e imaginar como a ciência e a tecnologia irão afetar nossas vidas e quais as suas implicações morais e éticas.
“A gente somos inútil”?

Em 2011 o mundo se impressionou com a Primavera Árabe, onde uma avalanche de pessoas indignadas derrubaram ditadores. No Brasil, mesmo com nossos graves problemas de corrupção, só se consegue reunir milhões de pessoas em eventos como a parada gay.
O ano de 2011 foi muito importante para aqueles que acreditam nas possibilidades da cultura digital. A Primavera Árabe nos mostrou que a sociedade civil pode se organizar e derrubar regimes ditatoriais e a Islândia está escrevendo sua nova constituição consultando seus cidadãos através das mídias sociais. O público está se conscientizando que o mundo virtual pode influenciar o mundo “real” e está usando esse poder para mudar as coisas. Enquanto isso nós, brasileiros, nos concentramos em fazer coisas inúteis na internet.
Nossa cultura digital ainda tem muito o que amadurecer, principalmente no que diz respeito à crítica e ao protesto. Um exemplo foi a campanha “Lula se trate no SUS“, que chegou a ganhar capa de revistas e vários artigos na imprensa. Se temos esse poder para fazer uma ofensa se tornar viral e chegar à imprensa “oficial”, por que não utilizamos esse poder para fazer algo verdadeiramente útil?
Somos fanáticos por novela, futebol e cerveja (ou pelo menos somos condicionados a isso). Utilizamos Twitter para fazer campanhas do tipo “Cala boca Galvão” ou “Lula se trate no SUS”, enviamos milhões de votos para eliminar um participante do Big Brother, mas somos incapazes de fazer campanha para acabar com aberrações como o voto secreto, que manteve no poder pessoas como Jaqueline Roriz, entre outras coisas absurdas que acontecem na política de nosso país.
Essas campanhas mostram que ainda não temos consciência das novas possibilidades, ou não estamos interessados em ter. Somos insatisfeitos e reclamamos de tudo, mas não nos organizamos para realizar protestos ou tentar mudar aquilo que nos deixa indignados. E quando conseguimos organizar uma passeata, é de forma tão tímida que os políticos nem levam em consideração e sentem-se à vontade para continuar a fazer o que fazem melhor: trabalhar em prol de si mesmos. Para piorar, a parada gay de SP reuniu perto de 4 milhões de pessoas, o que mostra que temos muito mais disposição para a diversão do que para a cidadania.
Temos no Brasil uma democracia representativa, ou seja, elegemos políticos que nos representam na defesa de nossos interesses. Todos sabemos que isso não funciona bem no Brasil, e a solução não é mudar o sistema, e sim reformá-lo. Devemos continuar elegendo nossos representantes (no passado lutamos para ter esse direito), no entanto devemos também participar efetivamente da democracia, e não somente de quatro em quatro anos. A novidade é que agora temos vários canais de comunicação para manifestar nossa indignação e fiscalizar nossos representantes.

Mesmo com um flagrante de corrupção filmado e postado no youtube, a deputada Jaqueline Roriz foi inocentada pelos colegas com a argumentação de que o filme foi feito antes de Jaqueline ser eleita. Na verdade, o dinheiro foi dado pelo ex-governador Arruda para ajudar na campanha em troca de apoio após as eleições. As passeatas tímidas em Brasília não assustaram os políticos.
Hoje podemos publicar filmes, textos e imagens livremente. O prefeito disse que fez muita coisa? mostre para o público filmes e fotos das ruas esburacadas e hospitais sem médicos. A deputada foi pega com a “boca na botija” enchendo a bolsa imunda com o nosso dinheiro? foi filmado e postado no youtube? Então por que essa meliante ainda está nos representando? Assim como ocorreu com a Primavera Árabe, devemos utilizar as redes sociais para organizar protestos, e não paradas gays.
Está na hora de agir, de utilizar a tecnologia digital para consolidar no Brasil uma democracia representativa, de deixar a passividade de lado e se conscientizar que temos nas mãos mecanismos para fiscalizar nossos representantes. Devemos voltar nossa atenção para nossos representantes, para fiscalizar e cobrar. Para que isso aconteça, falta apenas que o Brasileiro aprenda a fazer coisas úteis com sua conectividade. É nossa vida que está em jogo, nossos empregos, a educação de nossos filhos, a segurança de nossas ruas e a melhoria de nossas cidades. Um participante do Big Brother não pode ser mais importante do que isso.
Alfredo Carneiro

O texto “A gente somos inútil”? de Alfredo de Moraes Rêgo Carneiro foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição 3.0 Não Adaptada. Você pode distribuir, reproduzir, adaptar e fazer uso comercial desde que cite o autor.
Tecnologia ou Metodologia?
Participei de um fórum, da Universidade Católica de Brasília, onde foi debatida a importância da tecnologia na educação. Em um dos posts foi colocada a charge abaixo, satirizando o uso da tecnologia na sala de aula. Muitos entendem o vídeo como uma crítica à tecnologia. No entanto, eu não o vejo como uma crítica ao uso de recursos tecnológicos no ensino, e sim à forma como a tecnologia é utilizada. Abaixo do vídeo segue a minha participação no fórum, onde expressei a minha opinião sobre o assunto.
Boa noite caros colegas,
Eu concordo em parte com a divertida charge sugerida. Claro que sem a metodologia correta a tecnologia de nada adiantará, afinal, livros quadros, giz e computadores são todos tecnologias.
Uma pesquisa publicada na revista Época no.683, de 20 de junho de 2011, sugere justamente isso. Vários computadores foram distribuídos em escolas públicas, sem metologia ou plano de ensino, e o resultado foi que os alunos tiveram o rendimento prejudicado.
No entanto, outras pesquisas publicadas na mesma edição da revista apontaram que escolas que tinham um planejamento para a tecnologia obtiveram resultados melhores que o esperado.
Quando falo de “novas tecnologias” não me refiro apenas à tecnologia desconectada, mas a todo um processo de convergência tecnológica que está ocorrendo, ligando pessoas de todos os horizontes através de tecnologias digitais.
O perigo do estudante não ter acesso a esse tipo de tecnologia é ele ficar de fora do processo de aprendizado e autoria coletiva que está acontecendo, onde nós, desse fórum, somos um exemplo.
Desta forma, minha resposta para a pergunta inicial da charge (Metodologia ou Tecnologia?) é : metodologia e tecnologia, pois uma sem a outra não são mais possíveis.
O exemplo da Primavera Árabe

O protesto é uma das grandes possibilidades da cultura digital. A Primavera Árabe nos mostrou que a sociedade pode e deve utilizar as novas mídias para se livrar de governantes corruptos.
As redes sociais contribuíram para a organização dos levantes populares no Egito,Tunísia, Síria, Líbia e Yemem entre 2010 e 2011. Esses países foram controlados durante décadas por ditaduras corruptas e violentas, que massacravam o povo enquanto seus governantes enriqueciam ilicitamente. Esses levantes, coordenados por cidadãos indignados, ficaram conhecidos como Primavera Árabe, e representam também uma vitória da organização da sociedade civil potencializada pelas redes horizontais de comunicação de massa, que são as novas mídias via internet e celular. A reportagem abaixo da TV Cultura ajuda a compreender esse importante acontecimento e eu a recomendo a todos que querem entender as possibilidades de protesto na cultura digital.
Podem as máquinas pensar? – Um experimento mental do filósofo John Searle.

No filme "Matrix", de 1999, Smith (que é um programa de computador) declara seu ódio aos humanos. Isso é possível? Pesquisadores da inteligência artificial (IA) afirmam que sim, mas o filósofo John Searle criou um experimento mental chamado "sala chinesa" para mostrar que computadores não podem pensar.
Esse é um tema muito explorado em filmes de ficção científica e discutido por aqueles que se perguntam aonde chegaremos com os avanços da inteligência artificial (IA), se é que existe tal inteligência. Marvin Minsky, um dos fundadores do MIT, afirmou que a próxima geração de computadores será tão inteligente que “teremos muita sorte se eles permitirem manter-nos em casa como animais de estimação”. John McCarthy, que cunhou o termo IA, declarou que “máquinas tão simples como termostatos têm — pode dizer-se — crenças”. Declarações deste tipo, feitas por cientistas renomados, estimulam a imaginação e assustam os incautos.
No entanto, o filósofo John Roger Searle encarou com sarcasmo essas expectativas exageradas e elaborou então um “experimento mental” para demonstrar que uma máquina não tem sequer a capacidade de compreender significados (semântica), apenas segue regras de sintaxe e responde a comandos pré-estabelecidos. O poder de processamento e a sofisticação dos programas nos dão a falsa impressão de inteligência.

O experimento mental desenvolvido por John Searle, chamado de "Sala Chinesa" tenta mostrar que computadores não podem pensar.
Searle chamou o nome desse experimento de “sala chinesa”. Ele pede que imaginemos uma pessoa, dentro de uma sala, que entende inglês e tem um livro com regras em inglês para combinar símbolos em chinês. Dentro da sala estão vários cestos numerados, e dentro dos cestos estão papéis com símbolos em chinês. Essa pessoa recebe, por baixo da porta, símbolos em chinês que ela não entende. Então ela consulta as regras que informam como ele deve combinar os símbolos e devolver por baixo da porta. As regras falam mais ou menos assim: “se o símbolo recebido for parecido com este, pegue o papel da cesta no. 13 e devolva por baixo da porta”. A pessoa dentro da sala não sabe, mas está respondendo perguntas em chinês. Nem ao menos sabe o significado dos símbolos, apenas tem uma regra para combinar os símbolos e devolvê-los por baixo da porta. Essa é a base do “pensamento” das máquinas.

Em "2001: Uma Odisséia no Espaço" o computador Hall 9000 reage à tentativa dos astronautas de desligá-lo
Esse exemplo nos mostra que o processamento dos computadores não pode ser comparado com a inteligência humana. O que renomados cientistas chamam de “Inteligência Artificial” é o resultado de entradas e saídas de dados realizadas de forma “burra”.
Computadores não tem capacidade de saber o que significam as palavras. Se eu falo para alguém a palavra “amor”, “ódio” ou “afeto”, essa pessoa lhes atribui significado e recorda situações de sua vida onde elas se aplicam. A inteligência humana leva em consideração esses significados e toma decisões baseadas em complexas interpretações pessoais. Isso é algo básico para qualquer ser humano e fundamental para o pensamento. É algo que as máquinas ainda não podem fazer.
Alfredo Carneiro

Este texto do Netmundi – Cibercultura, site de Alfredo Carneiro, foi licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada.
Edgar Morin e a Educação na Era Planetária

Edgar Morin defende que as áreas de conhecimento possuem um "tecido comum", mas que, devido à forma como o ensino está organizado, esse tecido se torna invisível.
Considero esse vídeo de Edgar Morin, no final do post, muito importante para compreender o tipo de educação que é necessária na era digital. Suas ideias expressam um conceito fundamental para a educação que é totalmente ignorado na organização do ensino. Esse conceito é o “tecido comum que une os conhecimentos”. Quem já não ouviu alguem dizer: “para que vou estudar isso? não serve para nada”, ou “para que vou estudar isso, não tem nada a ver com meu curso”.
Observações como essas são o resultado da forma como o ensino está organizado, e que constitui uma das críticas de Morin, quando ele afirma que ” Aprendemos a analisar, separar mas não a relacionar e fazer com que as coisas se comuniquem”. Ele afirma que as disciplinas tem um tecido comum que as une, mas devido a separação se torna invisível.
Quando estudamos fazendo comparações e relações com outras coisas que sabemos, conseguimos entender melhor o objeto de nosso estudo. Existem relações entre matemática, biologia, astronomia e língua portuguesa. Mas a separação, sem a preocupação com arelação, torna o entendimento mais pobre. Até mesmo comparações absurdas tem validade para o aprendizado. Conversando com um amigo sobre o sistema solar, ele fez a seguinte observação : “o sistema solar é protegido por uma bolha local, gerada pelo sol, semelhante à membrana de uma célula de nosso corpo ou uma galinha que protege os ovos”.
Quando fui explicar para meu filho sobre a tal “bolha local”, disse que parecia com uma bolha de sabão, tendo o sol ao centro, e ele entendeu na hora. Traçamos a todo momento relações com outras coisas que sabemos e com nossa própria experiência, e isso é fundamental para o aprendizado e para um entendimento mais amplo.
Cultura e Cibercultura

A forma de conhecer outras culturas através das tecnologias digitais é diferente da que nos é oferecida pelas mídias de massa.
A cultura é entendida como o conjunto de costumes, crenças, comportamentos e leis que se manifestam em um determinado povo, isso quer dizer que toda cultura sempre tem um contexto muito bem definido. Todos os povos tem uma identidade cultural que é construída ao longo de sua história, e a cultura de um determinado povo afeta a percepção de mundo de seus habitantes. A diversidade cultural também ocorre dentro de uma cultura, como é o caso do Brasil, onde temos várias religiões e grupos sociais. Dessa forma, dentro de uma cultura encontramos diferentes pontos de vista e visões de mundo.
Com o advento das telecomunicações, indivíduos de várias culturas e gerações diferentes passaram a e dialogar e trocar experiências. A história está repleta de episódios onde ocorreu o encontro de culturas, o problema é que grande parte desses episódios foram marcados pela brutalidade, conflitos e dominação comandados por impérios e estados. E, mais recentemente, a percepção cultural de outros povos se dava (e ainda se dá) através da televisão, ou seja, ainda através de terceiros.
A cibercultura, por sua vez, é indiferente aos contextos e identidades culturais. Ela não representa a cultura de um determinado povo, no entanto liga pessoas de todas as culturas de forma indiscriminada. Isso torna a universalidade sua principal característica, e implica na percepção da alteridade , na mudança de costumes e na criação de novos pontos de vista. Isso se dá através do diálogo direto com pessoas que tem concepções distintas de mundo. Um jovem, conectado à internet, pode descobrir que existem outras formas possíveis de entender e representar o mundo através do diálogo. A palavra universalidade é utilizada aqui para se referir ao universo humano.
Isso não quer dizer que os velhos problemas que envolvem a alienação, o preconceito e o senso comum irão acabar, a conectividade das tecnologias digitais é indiferente a isso, mas essa interatividade representa uma possibilidade de conhecer o outro de forma mais rica e pessoal, sem os filtros comuns das mídias de massa ou da opinião alheia. Esse contato direto entre os indivíduos representa a novidade e a força da cibercultura.
Pesquisas indicam…
Os debates nos fóruns, grupos de estudos e comunidades virtuais, onde pessoas de todos os horizontes podem participar, é uma das grandes vantagens das mídias sociais. Não estou considerando aqui aqueles debates virulentos que acabam quase sempre em xingamentos (muito comuns hoje em dia), mas aqueles onde as pessoas se reúnem para aprender, transmitir conhecimentos e buscar soluções. Esse é o início da inteligência coletiva e da exploração do contexto individual. No entanto, existe um vício na argumentação dos debates que está se tornando muito comum, que é querer criar força de argumentação afirmando que “uma pesquisa realizada mostrou que…”, ou algo parecido.
Portanto, quem quer dar força para sua argumentação e contribuir de fato, deve utilizar outra vantagem da internet, que é o hiperlink. Quem apenas escreve que “conforme pesquisa realizada recentemente” e não utiliza o hiperlink comete uma falácia. Mais especificamente a falácia do Apelo à Autoridade Anônima.
Se o hiperlink não for possível, a pesquisa deve ser citada para quem quiser procurar, como em “pesquisa publicada pela SafeNet Brasil dia 9 de outubro de 2011…”. Um exemplo de argumentação correta é: “Estudo recente indicou que a internet está reduzindo a capacidade de memorização dos internautas“.
Dessa forma, fica explícito que a informação tem uma fonte e, melhor ainda, que pode ser acessada imediatamente por todos. Quem argumenta utilizando hiperlink enriquece o discurso e cria novas conexões para o assunto, transformando a internet em uma teia de conhecimentos que se renova a cada dia com o trabalho coletivo.
Internet e o Princípio de Pareto
Que atire a primeira pedra quem nunca ligou o computador somente para ler um e-mail e passou horas navegando. Na era digital é comum ouvir reclamações sobre a falta de tempo para ler todas as novidades ou se atualizar. O universo de informações do ciberespaço é como uma armadilha que prende nossa atenção por horas e horas. Um link leva a outro e depois a outro e assim por diante. A internet se transformou em um buraco negro que suga o nosso tempo. No entanto, quanto de nossa navegação gera resultados práticos para nosso cotidiano? Temos a impressão que é a tecnologia que nos usa, e não o contrário, como deveria ser.
Ironicamente, em uma época de explosão de informações, parece que não existe um debate amadurecido sobre o uso correto das tecnologias digitais. Pior ainda, existe um culto à essas tecnologias. Isso é muito claro nas imensas filas que surgem quando do lançamento de algum novo produto da Apple, para citar um exemplo. As pessoas se tornaram fãs de máquinas. Uma investigação feita para um documentário da BBC chegou a conclusão que o culto à Apple se assemelha a religião. Quando isso acontece, corremos o risco de esquecer que a tecnologia é um meio, e não um fim.
O que devemos ter em mente, acredito, é que as tecnologias surgiram e se desenvolveram para nos ajudar a superar nossas limitações e dificuldades. Mas, a impressão geral é que estamos aos poucos fazendo coisas que não têm relação com esse objetivo, o que é um desperdício dado o enorme poder da tecnologia digital. De acordo com o Princípio de Pareto, 80% dos resultados são provenientes de apenas 20% das causas. Grosso modo, isso quer dizer que apenas 20% do que fazemos é o que gera 80% do que conseguimos. Mas, parece que, na internet, as pessoas estão muito ocupadas fazendo 80% das coisas que dão poucos resultados.
Então, como identificar quais as atividades que se enquadram nos 20% que geram resultados? Essa não é uma resposta simples, uma vez que está baseada em nossos objetivos pessoais. No entanto, se é difícil identificar nossas tarefas mais importantes, talvez não seja tão complicado identificar as que nos atrapalham, aquelas que representam os 80%. Um pouco de observação deve dar algumas respostas. E-mails de correntes, “vídeos imperdíveis”, chats, video games e todo tipo de leituras e distrações que surgem quando navegamos.
Isso não quer dizer que devemos parar fazer essas coisas, mas sim perceber quando elas roubam nosso tempo e nos afastam de nossas metas. O uso correto da tecnologia deve se tornar um debate cada vez mais importante, agora que, mais do que nunca, a tecnologia digital está se tornando universal. Se soubermos utilizar corretamente nossos recursos tecnológicos e o nosso precioso tempo, então poderemos nos divertir na internet e brincar com nossos queridos gadgets.
Vídeo sobre a cultura digital no Brasil
Este pequeno documentário fala sobre cultura livre e cultura digital no Brasil. Achei o vídeo um tanto ingênuo e otimista demais. No entanto, alguns entrevistados conseguiram falar com clareza sobre a produção coletiva de conteúdo, além de citar exemplos de protestos na rede que deram resultados positivos.
Digirealejotal from FLi Multimídia on Vimeo.
