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Modernidade, fé e razão

modernidade, fé e razão

A modernidade não se beneficiou com a separação entre fé e razão. Se por um lado observamos o avanço da ciência, por outro assistimos o avanço do fideísmo, que é o desprezo da razão e da ciência em prol da fé. No surgimento da filosofia, entre os pré-socráticos, tal separação não existia. Os primeiros pensadores mesclavam suas crenças religiosas com sua investigação racional.

“Tudo está cheio de Deuses”, afirmou o primeiro filósofo Tales de Mileto, que investigava racionalmente a natureza. Platão e Aristóteles criaram uma complexa metafísica baseados na argumentação racional e lógica. Agostinho e outros filósofos medievais tinham como projeto a relação entre fé e razão. Fé (seja de que forma for) e razão parecem constituir o ser humano

Essa separação entre fé e razão, que é marca da modernidade, parece ter criado seres humanos empobrecidos. Cientistas que não se maravilham mais com o mistério do mundo (ou que acreditam que tudo será explicado) , religiosos fanáticos e cegos pela sua religião, e uma população dividida entre crentes e descrentes.

Não é preciso que o cientista seja religioso, mas apenas que volte a se encantar. Não é preciso que o religioso abandone sua fé, mas que questione racionalmente o que é fé e o que é pura invenção humana. Não é preciso que o ateu acredite em Deus, mas perceba que a vida tem profundidade e mistério. O mistério não pede o abandono da razão, mas antes apresenta-se como um desafio humano e racional.

Autor: Alfredo Carneiro