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Falácia do Espantalho: distorcendo o que foi dito

A Falácia do Espantalho - distorcendo o que foi dito

A falácia do espantalho é uma distorção do que realmente foi dito, criando assim um argumento fictício: o “espantalho”. A partir disso, o argumentador ataca o espantalho, desconsiderando o que seu adversário disse. Essa falácia é utilizada principalmente em debates políticos e produção de fakenews, sendo uma das mais nocivas por sua capacidade de influenciar a opinião pública.

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    Exemplos de Falácia do Espantalho

    Nos exemplos citados abaixo, o argumentador B ataca o argumentador A em algo que não foi dito.

    A: “Eu sou a favor da criação de mais programas sociais.”
    B: “Eu não sabia que você era comunista.”

    A: “Acho que algumas empresas públicas deveriam ser privatizadas.”
    B: “Então você defende o fascismo.”

    A: “Hoje eu queria uma pizza, não comida japonesa.”
    B: “Por que você odeia japoneses?”

    A: “Não era isso que estava escrito!”
    B: “Está me chamando de analfabeto?”

    A: “Sou a favor da legalização da maconha para efeitos medicinais.”
    B: “Desde quando você é maconheiro?”

    A falácia do espantalho prejudica a integridade do debate político e social, uma vez que não aborda questões importantes de maneira objetiva e fundamentada, se utilizando de táticas enganosas e emotivas. Assim, os temas fundamentais para a população são deixados de lado enquanto todos ficam debatendo sobre um “espantalho” que foi criado para desviar a atenção.

    Essa falácia inclui a suposição de cenários extremos, utilizando palavras alarmistas para assustar as pessoas, como dizer que determinado projeto político “é o fim da democracia” ou que uma proposta de lei “destruirá a sociedade”. É importante estar atento aos argumentos apresentados e verificar se eles são baseados em fatos concretos e verificáveis ou se apenas buscam distorcer o que foi dito.

    O filme Tratamento de Choque apresenta um exemplo ilustrativo da falácia do espantalho. David, interpretado por Adam Sandler, solicita calmamente para a aeromoça um fone de ouvido. Ela então pede para que ele fique calmo e diz que o país atravessa um momento difícil. Um policial negro se aproxima para ver o que está acontecendo. David explica que só pediu um fone de ouvido. O policial pede que ele fique calmo. David, sempre calmo, reclama: “qual o problema de vocês?”. Contudo, influenciados pelo policial e pela aeromoça, os passageiros interpretaram o que ele disse como racismo. Posteriormente, ele é condenado na justiça por agressão e obrigado a fazer um tratamento contra raiva.

    AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.