Falácia “post hoc”: a falsa conexão de causa e efeito

“Post hoc” é uma falácia comum entre supersticiosos. Corresponde à falsa atribuição de causa e efeito: se um evento ocorreu após outro, acredita-se que um é causa do outro. A ocorrência de coincidências tende a reforçar a crença de que, por exemplo, um amuleto, oração ou ritual traz proteção. Vestir roupas de certa cor em festas populares, acreditando que trará boa sorte, reforça crenças supersticiosas. Post hoc vem da expressão latina “post hoc ergo propter hoc” (depois disso, logo, causado por isso).
O fato de um evento ocorrer após o outro não é garantia de conexão. Quando existe uma suspeita de relação de causa e efeito, deve ser possível investigar o fato racionalmente. Não é o caso de acreditar que o surgimento de um gato preto será seguido de acontecimentos ruins; não é possível constatar racionalmente a relação entre os dois. Crenças ou argumentos post hoc dessa natureza são considerados irracionais.
O julgamento precipitado é uma das principais causas das crenças irracionais, como a post hoc. Se um evento ocorreu após o outro, isso dá motivos para pensar em causa e efeito, podendo até mesmo ter conexão, entretanto, por si só, não é motivo para assumir imediatamente a conexão como válida.
Observações isoladas também geram crenças post hoc. Por exemplo: uma pessoa doente visitou um curandeiro que lhe receitou ervas medicinais; com a melhora da saúde, essa pessoa acreditou que o curandeiro tem poderes sobrenaturais, não atribuindo sua melhora às ervas medicinais.
Autor: Alfredo Carneiro
Referência Bibliográfica
- Guia das falácias de Stephen Downes
- Law, Stephen. Guia Zahar de Filosofia. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2008.