Frédéric François Chopin (1810-1849) tem algumas semelhanças com Mozart e Beethoven: além do fato de serem gênios da música, os três foram considerados prodígios desde a infância. Contudo, Chopin teve mais sorte.
Apesar do apoio do pai, Mozart nunca soube administrar sua vida adulta, se envolvendo com amantes e gastando demais, acabou na miséria e enterrado como um indigente. Beethoven era um garoto destinado à mediocridade, teve formação insuficiente e venceu mediante poderosa força de vontade. Chopin, por sua vez, teve formação adequada para um garoto prodígio e circulava desde jovem entre os ambientes mais nobres e cultos da Europa.
Se apresentou aos oito anos de idade em seu primeiro concerto e, ainda criança, publicou sua primeira obra. O problema de saúde que lhe tirou a vida ainda jovem não impediu, contudo, que sua vida fosse mais bem vivida (e sua morte mais digna) que as de Mozart e Beethoven.
A característica fundamental das composições de Chopin era o piano, sendo considerado um dos pianistas mais influentes de todos os tempos. Sua rica vida cultural conseguiu dar ainda mais cores às suas obras, que também possuíam elementos populares e folclóricos de sua infância.
Nascido na Polônia, viajou pelas cidades mais importantes da Europa, sempre circulando entre a elite e trabalhando como requisitado e popular professor e concertista. Sua figura de homem refinado e sua técnica impecável causavam forte impressão, como atestou um pianista que o assistiu:
Imagine um homem de grandíssimo refinamento no modo de ser e de se portar, sentado ao piano e tocando sem qualquer movimento do corpo e raramente com algum movimento dos braços, dependendo inteiramente de suas cuidadosas mãos femininas e seus dedos finos. Os amplos arpejos de sua mão esquerda, mantidos em um fluxo contínuo de tom por um legato preciso e fino e o constante uso do pedal de sustentação, formavam maravilhosa cantabile poética. Sua delicada dinâmica musical, as modificações constantes na troca de tom e tempo são de efeito indescritível.
A tuberculose que começou a lhe afligir desde cedo impediu que Chopin casasse com a mulher por quem se apaixonara (por proibição da família dela, pois não a queriam casada com um doente destinado à uma vida curta). Tornou-se companheiro por vários anos da escritora Aurore Dupin, que utilizava o pseudônimo de George Sand.
Após o fim desse relacionamento, a saúde de Chopin deteriorou devido aos seus problemas respiratórios, tornando-o incapaz de se apresentar e ensinar. Sua irmã cuidou dele em seu último ano de vida. Chopin faleceu com apenas 39 anos em 1849, rodeado de amigos e milhares de flores. Conforme o seu pedido, seu coração foi retirado e colocado dentro de um pilar da Igreja de Santa Cruz, em Varsóvia.
Autor: Alfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.
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