Medianeras: uma crítica à sociedade conectada

O filme Medianeiras aborda o problema dos relacionamentos na era digital. Apesar do grande aparato tecnológico que nos uniu, não saímos mais do mesmo lugar. Essa ironia é muito bem trabalhada no filme, que propositalmente tem uma “monotonia preguiçosa”, a mesma monotonia que invade os dias do cidadão urbano. É uma crítica ao nosso comportamento atual, esvaziado de sentido, sem um propósito mais amplo ou profundo. O filme propõe uma solução romântica: o amor. Nesse ponto acredito que o filme tornou-se “água com açúcar”, a despeito da excelente critica à vida urbana e aos relacionamentos pela internet. Mesmo assim o filme é bom, muito simbólico e bem feito.

No entanto, a busca pelo amor pode tornar-se fonte de angústias, pois acaba transformando-se, como tudo nos dias de hoje, em compromisso (ser obrigado a encontrar alguém). Ou simplesmente, caso se encontre o amor, em paliativo para a solidão, um companheiro para a monotonia.

Este esvaziamento de sentido parece fazer parte de nosso cotidiano, recheado de pequenos lutos insignificantes ( lamenta-se a perda do guarda-chuva).  O resultado é um comportamento medíocre, que se ressente de pequenas coisas. No final das contas, nossa vida torna-se tão desordenada e irracional quanto o crescimento das cidades.

A modernidade parece apresentar-se muito bem nesse filme, onde nossa vida se integra com as máquinas, mostrando que caímos na armadilha de confundir a ideia mecanicista com o próprio ser humano, retirando nossa profundidade e nos tornando, nós mesmos, máquinas.