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Edgar Morin e a Educação na Era Planetária

Edgar Morin defende que as áreas de conhecimento possuem um "tecido comum", mas que, devido à forma como o ensino está organizado, esse tecido se torna invisível.
Considero esse vídeo de Edgar Morin, no final do post, muito importante para compreender o tipo de educação que é necessária na era digital. Suas ideias expressam um conceito fundamental para a educação que é totalmente ignorado na organização do ensino. Esse conceito é o “tecido comum que une os conhecimentos”. Quem já não ouviu alguem dizer: “para que vou estudar isso? não serve para nada”, ou “para que vou estudar isso, não tem nada a ver com meu curso”.
Observações como essas são o resultado da forma como o ensino está organizado, e que constitui uma das críticas de Morin, quando ele afirma que ” Aprendemos a analisar, separar mas não a relacionar e fazer com que as coisas se comuniquem”. Ele afirma que as disciplinas tem um tecido comum que as une, mas devido a separação se torna invisível.
Quando estudamos fazendo comparações e relações com outras coisas que sabemos, conseguimos entender melhor o objeto de nosso estudo. Existem relações entre matemática, biologia, astronomia e língua portuguesa. Mas a separação, sem a preocupação com arelação, torna o entendimento mais pobre. Até mesmo comparações absurdas tem validade para o aprendizado. Conversando com um amigo sobre o sistema solar, ele fez a seguinte observação : “o sistema solar é protegido por uma bolha local, gerada pelo sol, semelhante à membrana de uma célula de nosso corpo ou uma galinha que protege os ovos”.
Quando fui explicar para meu filho sobre a tal “bolha local”, disse que parecia com uma bolha de sabão, tendo o sol ao centro, e ele entendeu na hora. Traçamos a todo momento relações com outras coisas que sabemos e com nossa própria experiência, e isso é fundamental para o aprendizado e para um entendimento mais amplo.
Cultura e Cibercultura

A forma de conhecer outras culturas através das tecnologias digitais é diferente da que nos é oferecida pelas mídias de massa.
A cultura é entendida como o conjunto de costumes, crenças, comportamentos e leis que se manifestam em um determinado povo, isso quer dizer que toda cultura sempre tem um contexto muito bem definido. Todos os povos tem uma identidade cultural que é construída ao longo de sua história, e a cultura de um determinado povo afeta a percepção de mundo de seus habitantes. A diversidade cultural também ocorre dentro de uma cultura, como é o caso do Brasil, onde temos várias religiões e grupos sociais. Dessa forma, dentro de uma cultura encontramos diferentes pontos de vista e visões de mundo.
Com o advento das telecomunicações, indivíduos de várias culturas e gerações diferentes passaram a e dialogar e trocar experiências. A história está repleta de episódios onde ocorreu o encontro de culturas, o problema é que grande parte desses episódios foram marcados pela brutalidade, conflitos e dominação comandados por impérios e estados. E, mais recentemente, a percepção cultural de outros povos se dava (e ainda se dá) através da televisão, ou seja, ainda através de terceiros.
A cibercultura, por sua vez, é indiferente aos contextos e identidades culturais. Ela não representa a cultura de um determinado povo, no entanto liga pessoas de todas as culturas de forma indiscriminada. Isso torna a universalidade sua principal característica, e implica na percepção da alteridade , na mudança de costumes e na criação de novos pontos de vista. Isso se dá através do diálogo direto com pessoas que tem concepções distintas de mundo. Um jovem, conectado à internet, pode descobrir que existem outras formas possíveis de entender e representar o mundo através do diálogo. A palavra universalidade é utilizada aqui para se referir ao universo humano.
Isso não quer dizer que os velhos problemas que envolvem a alienação, o preconceito e o senso comum irão acabar, a conectividade das tecnologias digitais é indiferente a isso, mas essa interatividade representa uma possibilidade de conhecer o outro de forma mais rica e pessoal, sem os filtros comuns das mídias de massa ou da opinião alheia. Esse contato direto entre os indivíduos representa a novidade e a força da cibercultura.
Pesquisas indicam…
Os debates nos fóruns, grupos de estudos e comunidades virtuais, onde pessoas de todos os horizontes podem participar, é uma das grandes vantagens das mídias sociais. Não estou considerando aqui aqueles debates virulentos que acabam quase sempre em xingamentos (muito comuns hoje em dia), mas aqueles onde as pessoas se reúnem para aprender, transmitir conhecimentos e buscar soluções. Esse é o início da inteligência coletiva e da exploração do contexto individual. No entanto, existe um vício na argumentação dos debates que está se tornando muito comum, que é querer criar força de argumentação afirmando que “uma pesquisa realizada mostrou que…”, ou algo parecido.
Portanto, quem quer dar força para sua argumentação e contribuir de fato, deve utilizar outra vantagem da internet, que é o hiperlink. Quem apenas escreve que “conforme pesquisa realizada recentemente” e não utiliza o hiperlink comete uma falácia. Mais especificamente a falácia do Apelo à Autoridade Anônima.
Se o hiperlink não for possível, a pesquisa deve ser citada para quem quiser procurar, como em “pesquisa publicada pela SafeNet Brasil dia 9 de outubro de 2011…”. Um exemplo de argumentação correta é: “Estudo recente indicou que a internet está reduzindo a capacidade de memorização dos internautas“.
Dessa forma, fica explícito que a informação tem uma fonte e, melhor ainda, que pode ser acessada imediatamente por todos. Quem argumenta utilizando hiperlink enriquece o discurso e cria novas conexões para o assunto, transformando a internet em uma teia de conhecimentos que se renova a cada dia com o trabalho coletivo.
