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A “Carta de Deus” de Albert Einstein

Albert Einstein

A “Carta de Deus” é o nome de uma carta escrita pelo cientista alemão Albert Einstein em 1954 para o filósofo Eric B. Gutkind. Veio a público recentemente e foi e vendida no site de leilões eBay em 2012 por US$ 3 milhões. 

Nessa carta, Einsten faz críticas às religiões da tradição judaico-cristã, como por exemplo: “A palavra ‘Deus’ não é para mim nada além da expressão e produto de fraquezas humanas”. Einstein foi um dos cientistas mais influentes do século XX e acreditava na existência de uma inteligência ordenadora do universo, porém, essa crença muitas vezes foi mal interpretada.

Albert Einstein deixou claro em vários escritos que o Deus ao qual se referia não tem relação com religião alguma. Pelo contrário, antes do surgimento desta carta, Einstein já criticava as religiões. Leia abaixo algumas de suas observações sobre esse tema:

  • “O caminho para a religiosidade genuína não passa pelo medo da vida, nem pelo medo da morte, nem pela fé cega, mas pelo esforço em atingir o conhecimento racional.”
  • “A profunda certeza de um poder superior que se revela no universo, difícil de ser compreendido, forma minha ideia de Deus.”
  • “Aceito o mesmo Deus que Spinoza chama de Alma do Mundo. Não aceito um Deus que se preocupe com nossas necessidades pessoais.”
  • “Não imagino um um Deus a recompensar e castigar o objeto de sua criação. Não posso fazer ideia de um ser que sobreviva após a morte do corpo. Se semelhantes ideias germinam em um espírito, para mim ele é um fraco, medroso e estupidamente egoísta.”

“A Carta de Deus” confirmou o que Einstein havia dito várias vezes, entretanto, o cientista alemão foi mais incisivo com o judaísmo e com o cristianismo. Leia abaixo os trechos retirados da carta:

  • “A Bíblia é uma coleção de lendas honoráveis mas ainda assim primitivas que são, do mesmo modo, muito infantis.”
  • “Para mim a religião judaica, como todas as outras religiões, é uma encarnação das superstições mais infantis.”

Deus revelado x Deus dos filósofos


A diferença entre essas duas concepções de Deus é que uma se refere à percepção que os filósofos atingem ao elevar racionalmente seus pensamentos, enquanto a outra se refere a um ser divino que teria se revelado aos homens através de uma escritura.

A revelação, por si só, seria a comprovação da existência de Deus e concessão de autoridade máxima à escritura, dispensando qualquer necessidade de comprovação. Acreditar nessa revelação é, portanto, um ato de fé. O Deus revelado é também um ser com características antropomórficas, pois demonstra piedade, severidade e preocupação com os homens.

O Deus dos filósofos, por sua vez, é uma constatação racional de algo que está além da razão humana, base fundamental da existência, mas que não possui características humanas e não se liga às necessidades dos homens. É o caso da “substância infinita” de Descartes, do “motor imóvel” de Aristóteles ou da “alma do mundo” de Spinoza.

O Deus ao qual Einstein se refere está mais próximo do Deus dos filósofos, e mais próximo ainda do Deus idealizado pelo filósofo Baruch Spinoza (1632-1677), citado tanto na carta de 1954 quanto em outros escritos.

Autor: Alfredo Carneiro
Editor do netmundi.org

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. O Pensamento Vivo de Einstein. São Paulo: Martin Claret, 1985.
  2. Einstein, Albert. Como Vejo o Mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.

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