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Zygmunt Bauman: “Somos aquilo que podemos comprar”

Zygmunt Bauman - capitalismo

Zygmunt Bauman (1925-2017) foi um sociólogo polonês que se analisou a face mais problemática do capitalismo: a ideia de que somos o que compramos. Ele observa que a sociedade atual, bombardeada pela propaganda incessante, vive em estado de estresse e ansiedade, pressionada a consumir cada vez mais e sequer consegue pensar em soluções para seus problemas, afinal, não há tempo para isso. Temos de trabalhar muito para pagar muitas contas. Perdemos completamente o poder de decidir nossas vidas.

Bauman afirma que os bancos se dedicam preferencialmente aos clientes que não conseguem pagar suas dívidas, preferindo que façam novo empréstimo para pagar outro empréstimo, afinal, lucram mais com os juros. O indivíduo disciplinado que paga suas contas é uma ameaça ao lucro das instituições financeiras.

Aqueles que não podem pagar não têm acesso aos shoppings centers, os santuários espirituais das sociedades de consumo. Nossa época reflete um momento em que o poder político desvinculou-se do poder econômico. Assim, a política tornou-se ilusão, pois decisões políticas obedecem ao poder econômico.

Se no passado o capitalismo era norteado pela cultura da poupança, quando as pessoas faziam sacrifícios para obter aquilo que necessitavam, hoje vivemos a ilusão do “aproveite agora e pague depois”. E pague, de preferência, por coisas que não precisa. A criação de falsas necessidades é especialidade do capitalismo.

Contudo, até mesmo o poder econômico irá consumir a si mesmo. Estamos, segundo Bauman, em uma época sem líderes ou política, orientados tão somente pelo consumismo, sem direção ou objetivos. Somente após o previsível colapso de nossas sociedades de consumo é que buscaremos soluções mais sensatas.

AutorAlfredo Carneiro – Graduado em Filosofia e pós-graduado em Filosofia e Existência pela Universidade Católica de Brasília.


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